Conscientizar? Não. Normalizar.

Nós realizamos um evento com os familiares de alunos autistas aqui do Recanto no dia 03 de abril, um dia depois do dia mundial da conscientização do autismo. Também convidamos alguns parceiros do município e colaboradores de convênios.

Não vou dizer que foi lindo. Foi mais do que isso. O evento foi aberto com uma apresentação de música e as crianças tocaram e cantaram durante o café da manhã. Depois, a nossa psicóloga Sueli Amedi deu início as falas e depoimentos.

A Francielle, nossa fonoaudióloga, tirou algumas dúvidas em relação a linguagem e com seriedade cuidou dos corações das mamães, muitas vezes ansiosas por uma palavra. Depois, o meu depoimento como autista adulta, o que abriu espaço para novas perguntas.

Uma manhã de conversa com as famílias atípicas que temos aqui. Atualmente, por volta de trinta e oito alunos do Recanto são autistas. Mais da metade da nossa fila de espera são autistas aguardando uma vaga. O momento é de descoberta para nós, e estamos abrindo espaço entre o preconceito e a desinformação para lembrar a todos que temos gostos, preferências, identidade. Nós somos pessoas também.

Ao meu ver, nosso evento pautou o fato de que o autismo não deve ser visto como um bicho papão de sete cabeças. O autismo deve ser “normalizado”, pois é normal ser autista. Eu sou normal. Sou apenas diferente. Não me encaixo em vários padrões e tudo bem. O último estudo sobre a prevalência de autistas na sociedade demonstrou que 1 para cada 36 crianças é autista. Eu me atrevo a dizer que você não consegue mais ir ao supermercado sem topar com um autista. Não consegue mais ir à igreja sem que um autista esteja lá também. Possivelmente em um passeio no shopping você terá a presença de um autista. Nós estamos em todos os lugares, mesmo que você não note.

Sendo assim, vou lutar para que minha voz seja ouvida cada vez mais alto. EU NÃO PRECISO DE CONSERTO! Eu estou bem. Não vou romantizar o meu transtorno, porém não vou me odiar por ser quem eu sou. Eu já passei tempo demais me odiando, sem me entender. Agora só quero respeito e uma vida com dignidade, para todos nós.

REFERÊNCIAS:

TENENTE, Luiza. 1 a cada 36 crianças tem autismo, diz CDC; entenda por que número de casos aumentou tanto nas últimas décadas. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2023/04/02/1-a-cada-36-criancas-tem-autismo-diz-cdc-entenda-por-que-numero-de-casos-aumentou-tanto-nas-ultimas-decadas.ghtml. Acesso em: 07 abr. 2023.

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